data-filename="retriever" style="width: 100%;">Há quem sonha viver até os cem anos. Há quem, diante do conturbado mundo em que vivemos, já desceu do trem da vida, nas primeiras estações. O passado, como esquecê-lo? Ele é a história de cada ser humano, de cada bairro, de cada cidade, de cada país. O presente? Fugaz, passageiro e frágil, importa é nele viver. O futuro? É o que teremos: um tempo por vir, por chegar, por acontecer. Assim lembrei meus 75 anos, em 2016, no histórico e inesquecível A Razão. Agora, aos 80 anos, neste 15 de abril de 2021, olhando o mundo, lembro meus antepassados que diziam: il piacere de vivere è fatto de picole e grandi cose
Dou-me conta, então, do longo tempo vivido: 29.200 dias; 700.800 horas; 42.048.000 minutos...Até aqui, a minha realidade, com as suas circunstâncias. Como entendê-la na sua abrangência e complexidade? Aos 80 anos, ao olhar a escada percorrida, a pergunta é inevitável: como trazer à mente e ao coração os seus degraus, desde os primeiros? O guri, nascido no Bairro Dores, na Santa Maria da Boca do Monte (ah! como gosto de chamar assim a minha cidade natal), viveu os anos da sua história, nesta terra que tanto ama e admira. Apenas, e, por alguns anos, esteve fora estudando, buscando conhecimento e experiências.
Agora, em casa, em excepcional e íntima comemoração, dentro de uma pandemia já longa, poderosa e universal, celebro meus 80 anos, sonhando dias ensolarados. É preciso reconhecer: a vida sempre foi generosa comigo ao dar-me saúde e sonhos. Por isso, canto, em prosa e verso, um grande amor, construído, em mais de cinco décadas, com Eunice.
Lembro, com saudade, João e Carmelina, meus pais, e, com carinho, João e Teolide, já falecidos, Leda e Armindo, meus irmãos. Ana Cristina, Rafael, Raquel e Lígia, meus filhos, Paulo Henrique, Valentina e Luísa, meus netos, são o valioso patrimônio. Importa, e muito, lembrar, com profunda emoção, os familiares e amigos que, por tantos anos, foram e são parte essencial dos meus melhores dias. Por isso, e por muito mais, Gracias a la Vida, fonte primeira da felicidade.
Hoje, com júbilo, canto os encantos del piacere de vivere e de saborear, a cada dia, o nascer e o pôr do sol, sempre originais nas suas cores e fulgor. Poderia falar em sonhos e desejos. Prefiro antes proclamar: Viver já é o bastante! Viver é o que importa! Olhos no horizonte, desejo que a lucidez e as mais lindas e intensas emoções nunca me abandonem.
Para isso, conto com um coração a serviço da vida, Só assim poderei cumprir o roteiro final, no meu entardecer, tendo, nas mãos, todos os instantes que ainda me restam, cantando, a cada momento, com Mercedes Sosa: Gracias a la Vida!
Texto: Máximo Trevisan
Advogado e escritor
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Palavras sábias, meu caro Bobo!